Desde os escritos de Foucault que analisaram as relações entre saber e poder,  muitas pesquisas têm focado nos espaços entre esses dois termos. A ideia central em nosso evento é ajudar a trazer à consciência, conhecer, meandros pelos quais saberes são construídos, visibilizados, ocultados, disfarçados, envelopados, soterrados, subsumidos e manipulados nas relações interessadas entre distintos atores tanto na micro quanto na macropolítica.

Trata-se, portanto, não somente de pensar como fazer visíveis saberes subalternos ou emergir saberes que estiveram na clandestinidade, mas ajudar a compreender  por um lado os mecanismos usados na contenção que  pulveriza, invibiliza e imerge – refletir sobre os processos que (de forma diretamente planejada ou não) criam cisões internas nos saberes construídos sob bases comuns e que dificultam uma abertura de horizontes que possam ultrapassar os dilemas atuais dados pelos modo de produção e de dominação atuais – e por outro lado busca-se  analisar como se dão as escolhas de saberes que serão aspergidos, fortalecidos e cuidadosamente protegidos para se fortalecerem/dominarem de forma muitas vezes sufocante a pluralidade de seres  e saberes que ainda coabita esse planeta.

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Claro que essa proposta é movida por alguns desejos: ao tentar tecer fios que unem propostas que estão dispersas, espera-se que o evento possa ter um papel de parteira, no mínimo, de novas pesquisas que não percam de vista o quase sempre malogrado objetivo da antropologia de ser o estudo do humano em sua totalidade e de fazer possível  urdir como dizem os Zapatistas, “um mundo em que caibam muitos mundos”